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Loucura

 

Grande loucura deste feito 

Num estado mais que perfeito

Diria mesmo a preceito

Que me veio inquietar

Tento impor-me respeito

Mas não lhe encontro o jeito

E entre crer no que não quero

E querer no que não creio

Fico aqui a ressacar...

Tenho sede de saber

Aquilo que já me esqueci

Do que me vou lembrando

E do que sei que já vivi

Grande loucura deste feito

É necessária uma pausa

Uma pausa pausada

Mas sem nunca perder nada

Desta vida de loucura

Que já não tenho a frescura

Pra ser louca por um dia

Quero a loucura completa

Sem farsas ou desenganos

Sem enganos ou torturas

Quero apenas a loucura

Sendo mesmo sem frescura

Mas sempre simples e pura

Como sempre a conheci

Grande loucura deste feito

Não o faço por despeito

Mas sim com graça e respeito

Num estado Mais que perfeito

Minha loucura assim.

 

© Clara Pereira 24/04/2015

Raios de Sol

 

Raios de sol que me aquecem e me esquecem

Espelho infinito de alma perdida

Partículas de luz

Reflexo do grandioso astro rei

Nas imensas gotas do oceano

Mil espelhos de luz

Que se confundem entre si

Quase que sei o caminho

Percorro o labirinto

E vejo-me no de novo no mesmo lugar

Dejavu

Recomeço

Raios de sol que me aquecem e me esquecem

Sou prisioneira neste sonho

Preciso libertar-me

Posso ser tudo o que quero

Posso ser tudo o que sou

Raios de sol que me aquecem e me esquecem

Espelho infinito

Para onde vou?

Raio de sol

Com cheiro a jasmim 

Reflexo de luz

Partículas de mim.

 

© Clara Pereira 27/04/2015

TORMENTOS

 

Tormentos de mil infernos

Carrocel de emoções

Não me leves as lembranças

Leva-me antes esta dor

Ai este chão que me foge

Deste pedaço de mim

Que me embala

E me empurra

Não quero cair assim

Tormentos de mil infernos

Boneca de cordel

Neste palco

Que é a vida

Tanto mel e tanto fel

Neste tormento de dor

Queria se arco-íris

Para pintar o meu mundo

Ser música ou mesmo poesia

Para dar vida ao meu fundo

Nem que apenas por um dia

Oh tormentos de mil infernos

Deixa-me viver o meu sonho

Nem que apenas por um dia.

 

© Clara Pereira 27 Abril 2015

METAMORFOSE

 

Vou refugiar-me na quietude do meu silêncio

Recolher minhas asas

Hibernar meus pensamentos

Isolar do mundo

Esta Alma estortegada p'lo tempo

Vou prender-me ao nada

Lavar minhas entranhas

Despejar meus sentidos

Purificar minha essência

Para puder renascer

Mais intensamente

Com mais pureza

Despida de preconceitos

Mais leve no entanto mais firme

Mais predisposta ao que importa…

Gota de orvalho

Aquecida pelos madrugadores raios de sol Brilho inquietante

Fonte pura de energia

Pronta para viver

Pronta para sentir

Renasci.

 

© Clara Pereira 22/05/2015

Raça da rapariga

 

O Raça da Rapariga que até tem a sua graça leva tudo à sua frente e acaba com a desgraça da mais pobre e desgraçada das desgraças que as há e muito airosamente ela vai curtindo à frente deixando lá para trás as desgraças tanto faz qu'ela quer é ser feliz que a vida não nos dá bis nem ao pequeno petiz nem aqui nem em Paris qu'ela sempre teve garra disso ninguem duvidou leva a vida brincando que brincando a vida levou tempo precioso que não mais voltou o raça da rapariga quer a vida bem vivida quer viver o presente com a sorte que lhe sai pois o futuro é incerto e o passado já lá vai nesta vida de incertezas uma certeza lhe assiste a vida passa por ela esteja alegre ou esteja triste o raça da rapariga a quem tudo prometia leva tudo à sua frente no trabalho e na folia o raça da rapariga ninguem trava a alegria pois já quizeram um dia sua vida roubar negou esse facto maldito e insistiu em ficar pois tinha neste mundo ainda muito pra dar

O Raça da rapariga raça teimosa, e então? quem cruzar no seu caminho tem lugar em seu coração.

 

In odd moments

 

© Clara Pereira 09/06/2015

Outono

 

Uma folha caída na estrada

Levada ao sabor do vento

Num fim de tarde de

Outono

Aos trambolhões lá vai ela

Ora sobe

Ora desce

Ora sossega

Ora rodopia

Ora baila

Ora se estatela contra uma parede

Vem a chuva e molha-a

Engelhada se fica

Num recanto escuro e frio

Sonha com a primavera de outrora

Sonha a textura lisa e vistosa de antes

Outras folhas passam e olham

Apontam o dedo

Que feia que estás

Outras folhas que nem sabem

Por onde esta folha passou

Quantas viagens

Quantas paragens

Quantos sóis e quantas luas

Esta folha já andou

Quantas lágrimas e sorrisos

Já esta folha alcançou

Deixem-me estar no meu canto

Que estou recuperando Isto não acaba aqui

Mais viagens farei

Mais paragens realizarei…

Quanto às rugas do meu rosto

São marcas da minha vida

Cada ruga um desgosto

Ou uma alegria vivida

Seja mau ou seja bom

É a minha vida marcada

Nesta triste simples folha

Caída no meio estrada.

 

©Clara Pereira 6/7/2015

Cura de amor

 

E num trémulo abraço

Sinto todo o amor

Vindo da minha mais

Profunda e

Insignificante existência

Elevo a minha alma

Ao lugar mais puro

Do meu ser

E entrego-me a ti

Sem preconceitos

Sem medos

Sem reservas

Somos um só

Eu e tu

Dois corpos

Uma alma

Baixo a minha voz

Para que se oiça

Eco de um grito de amor

Humildemente me vergo

Nesta grande insanidade

Amor precisa-se

Amor se pede

Para a cura da humanidade

 

©Clara Pereira 27-11-2015

Estado de Magia

 

Que eu pudesse

Nem que apenas por um momento

Elevar-me nas asas deste sonho

E partir…

Deixar-me levar

Para essa outra dimensão

Que é o planeta do amor

Onde as emoções

Se multiplicam

E os sonhos

Se materializam

Os corações se elevam

E os corpos flutuam

Onde o tempo não tem tempo

E os sonhos não são sonhos

Onde há só tu e eu

Que eu pudesse

Não acordar

Deste estado de magia

Que reconheço em mim

As flautas já tocaram

Os anjos já passaram

E eu fiquei

Aqui assim….

Vão…

Deixem-me aqui ficar

Neste estado de amor

De prazer livre de dor

Quero-me assim

Neste estado de magia

Neste estado de extasie

Que não lembre a ninguém

Encontrar-me por aqui

Que este espaço é só meu

E eu quero estar apenas….

Eu e tu

Tu e eu

Neste estado de magia.

 

© Clara Pereira 28-11-2015

Fantastico mundo de fantasia

 

A cada novo lugar em que me encontro
Ideias novas me surgem
Fragmentos de lembranças 
D’outra vida
Que me fazem sorrir
Nesta terra de diversidade
Nesta terra de adversidades
A magia dos livros que outrora li
Memorias que com alguém dividi
Numa infância muito presente
E agora aqui me encontro 
Neste mundo real
Me parece surreal
Estar a viver isto assim
Das masmorras assombrosas 
Aos naufrágios 
Das aventuras alucinantes
de Dom Quixote
Ás deliciosas personagens de Enid 
Como se aqui já tivesse estado
Com se isto já tivesse vivido
Lembro-me de ti 
mais que nunca
queria-te aqui 
para juntas vivermos esta aventura
mana

 

In estados de alma

 

© Clara Pereira 12.12.2015

Quero

 

Nao sou de meios termos 
Nem me dou pela metade.
Não é questao de orgulho 
Nem sequer de vaidade.
Sou tudo o que dou 
Dou tudo o que sou
Se for necessario 
Até á lua eu vou.
Mas metades não dou, 
dou tudo 
E metades não quero, 
quero tudo
Quando é puro e verdadeiro 
Sabe melhor por inteiro.

 

In odd moments


© Clara Pereira 13-12-2015

Dou-te

 

A cada gesto
A cada olhar
Dou-te mais
Se é que há mais para dar
Teu corpo colado ao meu
Teu olhar penetrante
Entrego-te minha alma
Não há mais nada 
Para dar
Mas dou-te mais um pouco
E tu a mim te dás
E quando tudo já demos
Voltamos a dar mais e mais.

 

In Odd Moments


© Clara Pereira 14-12-2015

Eco do teu Silêncio

 

Teu silêncio me incomoda
Tua presença eu procuro
Tua ausência me trás mágoa
Na luz tudo se faz escuro
Não te sintas obrigado
A amar este pecado
Pois não quero obrigações
Nem por cem mil perdões
Não quero amor gratuito
Não quero! não quero!
Meu coração dá um grito…
Sofrer por amor nunca mais.

 

In very Odd Moments


© Clara Pereira 14-12-2015

Tempo

 

E se por um momento
Eu pudesse
Pudesse eu voltar no tempo
E se por um momento 
Eu Pudesse
Fazer tudo diferente
E se por um momento 
Eu quisesse
Quisesse eu voltar atrás
E se por um momento
Eu pudesse
Não voltaria no tempo!

 

In Odd Moments


© Clara Pereira 14-12-2015

Sede de viver

 

Tenho sede de saber
Tenho sede de viver
Tenho sede de aprender
O que sempre quis saber
Quero aperfeiçoar
O que ainda não sei
Quero a mim mesma ensinar 
O que não vislumbrei
Quero mergulhar em palavras
Ouvir o seu marulhar
Quero sentir cada letra
Numa teia de palavras 
Para eu desenlaçar
Desenrolar a meada
Colocá-las no lugar
Tenho sede de aprender
O que sempre quis saber

 

In odd moments


© Clara Pereira 14-12-2015

Cores do meu destino

 

As cores do meu destino

Pinto-as eu

Com minha palete e pinceis

Escolho umas vivas outras suaves

E faço a minhas próprias cores

Misturando devagar

Com amor

Uma pitada de rosa

Um pouquinho de azul

Mexo mas não demasiado

Gosto das cores mescladas

Gosto do sabor individual das coisas

Gosto de ver o Mar bravo

Gosto dele calmo e azul

Gosto de um passeio à chuva

Gosto de espreguiçar ao sol

Minha paleta contem

As cores da minha alma

Umas fortes

Outras suaves

Como contrastes de mim

Agridoce

Belo e feio

Zin e Zang

Lua e sol

Medo e coragem

Contrastes de mim

Paleta de cores

Meu arco-íris

Minha paleta de cores

Meu destino

Pinto-o Eu

 

In estados de alma

©Clara Pereira

03-01-2016

Inquietude

 

Ingenuamente despida

Ao sabor da natureza

Os pés calçados de pele

No olhar

A esperança

A pureza dos gestos

A dança do corpo p’la alma

A troca dos corações

Semelhante gesto

P’la aura

E assim se fundem os corpos

Ladrões de esperanças livres

Não mais dão sossego á alma

Inquieta pelo amor

Que arde e nos faz sofrer

Mas alimenta o viver

Damos o corpo p’la alma

E a alma pelo saber

Inquietude do meu ser

 

In odd moments

© Clara Pereira

04-01-2016

Esperança Perdida

 

Ao ritmo da força do mar bravo

Inconstante

Sou

 

Ao ritmo da brisa da primavera

Suave

Me sinto

 

Ao ritmo das chamas que bailam na lareira

Numa fria noite de inverno

Eu me dou

 

Ao ritmo da nascente

Que alimenta a fonte

De esperança de vida

Eu me vou.

 

In Espirito Rebelde

© Clara Pereira

04-01-2016

Bora passear

Passear é sair de casa, 
Ver coisas, 
novos rostos, 
Novos sorrisos
Ouvir sons,
A musica dos tocadores de rua,
A criança a cantarolar,
Outra a fazer uma birra,
O som de um beijo de adeus
As linguas difrentes destas gentes
Que se cruzam entre nós
Gargalhadas de um casal apaixonado
O som de um abraço trocado
O bater do coração
Tomar um café bem quentinho
Com uma recente e já velha amiga
Naquele síto especial
Que descobriste por acaso
E queres partilhar
Passear é sair de casa
encher nossa bagagem 
de cores de cheiros e de sons
de memórias e desejos
de vontades de crescer
volto sempre com ideias
sinto-me sempre a aprender
não importa se é longe 
ou só ao virar da esquina
passear é sair de casa
passear é apenas viver

In Estados de Alma 
© Clara Pereira
10-01-2016

Eu acredito em Fadas

 

Quando eu era pequena

Acreditava em fadas e duendes

E seres míticos e maravilhosos

 

Depois cresci

E ensinaram-me que acreditar nisso

Era infantil

Era coisa de criança

Então deixei de acreditar

Melhor, dizia que não acreditava

Mas no fundo acreditava

 

Agora acredito

Que voltei a ser criança

E uma criança genuína

Acredita em fadas e duendes

E em seres míticos e maravilhosos

 

Acredito que um dia….

Serei um deles até!

 

In Momentos Lúcidos

© Clara Pereira

28-01-2016

Estreloucado

 

Ando por aí

Estreloucado

Entre becos e vielas

De noite penso na vida

De dia sonho com ela

Enrolo mais um charito

Para me descontrair

Lamento-me da triste sina´

Deixo-me no sofá cair

E enquanto me lamento

A vida vai desfilando

Sem que me dê conta

Que o desfile vai passando

Queria acordar deste transe

Mas estou mal habituado

Enquanto houver quem me deixe

Chular mais um bocado

E saco de mais um cigarro

Aos beiços encosto o filtro

Chego-lhe o lume do isqueiro

Dou uma baforada e suspiro

Tenho pena de mim mesmo

Mas não faço por mudar

É tão mais fácil assim

Tenham lá pena de mim

Sou um pobre desgraçado

Traído e abandonado

Por quem tanto amei

Mas não soube respeitar

E assim me deixo ruar

Ardiloso a engodar

Enquanto houver quem sustente

Este maldito fado continuo a cantar.

 

In “Visto deste lado é assim”

© Clara Pereira

11-01-2016

Máscara

 

Retirei a mascara

Por uns segundos

E respirei tão profundamente

Que quase desfaleci

Deixei-me permanecer

Nesse estado genuíno e de pureza

De vez em quando

Reponho a máscara

Para me proteger

 

In Odd Moments

©Clara Pereira 10.02.2016

A leitura

 

De mãos trémulas

Pego na taça de vinho

Encosto aos lábios vidro fino

E dou um trago

Afino a garganta

E levanto-me

Tento não encarar a multidão

Na verdade são pouco mais de

uma dezena de rostos

Mas evito encará-los mesmo assim

Pego na cábula preparada par ao efeito

E começo a ler

Voz firma e projetada

Vou bem…

Até meu olhar se cruzar com o de alguém

Não me lembro de quem,

O chão foge-me

Sinto minha face ruborizar

Faço um esforço para não deixar tremer a voz

Consigo chegar ao final do curto texto

Como se de uma maratona se trata-se

… Falta o poema, sim o poema,

Também esse curto

Sinto um fogo pelo peito acima

Arde-me o rosto todo

Mas lá vou balbuciando os versos

Mais ou menos ritmados

Tento dar sentido ao que leio

O curto poema é longo

Vejo de relance os últimos versos

E sinto vontade de saltar para o final…

Porém não o faço

Ouço-me a dizer as últimas palavras

…Até então não me tinha ouvido,

É sinal que o fim chegou finalmente.

 

In Retalhos de mim

© Clara Pereira 11.02.2016

Sei o que sei

 

Não sei para onde vou

Mas sei que vou

Não sei sequer quem sou

Mas sei que sou

Não sei o que quero

Mas sei que quero

Não sei aonde estou

Mas sei que estou

Sei que não quero saber

Sei que não quero sofrer

Sei que não posso parar

Sei que preciso continuar

Não quero ser julgada nem julgar

Quero com meus erros aprender

Sei que sou gente

Que se sente

E que apenas quer viver.

 

In pedaços de mim

© Clara Pereira 18.02.2016

Não me demoro

 

Vou porque quero e preciso

Matar esta saudade que me aperta

Vou abraçar o sorriso

Que meus sentidos desperta

Vou sem me querer demorar

É só o tempo de achar

O que me encha o coração

Vou sem ter pressa na hora

Volto logo sem demora

Pois existe uma razão

Que me leva mas que me traz

De volta para o meu lar

Antes era do lado de lá

Agora sinto que é cá

Se hoje assim é

Amanhã não o será

Ou talvez seja assim

De agora até ao fim

Ou enquanto existir

Esta energia em mim

Para fazer o que quero

E viver o que adoro

Por agora sei que vou

Volto já

Não me demoro!

 

In Momentos

©Clara Pereira

24-02-2016

Mulheres da minha vida

 

A primeira de todas

Minha mãe

Que me deu a vida

Que me amou

Que me ensinou

A ser quem sou

As minhas irmãs

Que ao meu lado cresceram

E ao meu lado estão

Com quem choro

Com quem rio

A quem amo de coração

Minhas sobrinhas mais lindas

Meninas mulheres

Mulheres da minha vida

Minhas primas

Minhas tias

Minhas avós

Mulheres da minha vida

Por último minhas amigas

As de sempre

E as de agora

Do trabalho

Ou da escola

As de todos os lugares

as guerreiras

as choronas

as alegres e as tristonhas

as meninas e as mulheres

mulheres da minha vida

a todas admiro

a todas bem quero

no meu coração moram

mulheres da minha vida

 

In Estados de Alma

© Clara Pereira  08-03-2016

Não me apresses

 

Não me apresses

Deixa-me ir

Ao meu passo

Desapressado

Eu chego lá

Em tempo nenhum

Se não me apressares eu chego lá

Em tempo nenhum

Se me apressas

Eu me perco

Perco o rumo

Perco o norte

Desoriento-me

Perco a sorte

Não me apresses deixa-me ir

Ao meu passo

Desapressado

Não me apresses

Deixa-me ir

Eu chego lá

Em tempo nenhum.

 

© Clara Pereira

05/03/2016

Minha Terra

 

Quão profundo é o mar?

Quão alto é o céu?

Quão distante está o horizonte?

Quão intenso é o amor?

O que é a saudade?

O que é a dor?

Sei que sinto tudo

Tão profundamente

Que perco o meu ser

Na minha gente

Esta luz que tem minha terra

Este calor humano que sinto

Só pode se amor

Só pode ser isto que sinto.

 

© Clara Pereira

01/03/2016

Pirata do ar

 

Oh quão nobre sois

Pirata do ar

Que me levais

Nas asas dos sonhos

Que me transportas

Ao mais recôndido dos lugares

Ao menos imaginável dos prazeres

Oh pirata do ar

Quão nobre sois

Que me transportas

Ao menos atingível dos lugares

Ao mais inimaginável dos prazeres

Oh vagabundo da noite

Que descanso não de me dás

Oh mocho da sabedoria

Em sentinela

De noite e de dia

Que me ofuscas com teu olhar

Doce como a cotovia

Pirata do ar

De noite e de dia

 

© Clara Pereira

02/03/2016

Caçador de Sonhos

 

Caçador de sonhos

Que precioso me és

Nasci com meus sonhos caçados

E vivo com eles adiados

Mas continuam bem guardados

Para um dia os extravasar

E se nunca o fizer

Continuo com eles a sonhar

Já foram todos reciclados

Pois meus sonhos adiados

Jamais serão resguardados

Sem lhes fazer uns ajustes

Pois não me fico por menos

Quero sempre mais e mais

Sonhos nunca são iguais

E os dias também não

Tudo muda tudo vira

E quando pensas que não realizaste

O sonho de uma vida

Realizaste afinal

A vida em teus sonhos.

 

© Clara Pereira

05/03/2016

Entre Dúvidas e Certezas

 

Duvido de minhas certezas

Estando certa que estou certa

Duvido que certa esteja

Tenho a certeza que é certo

Que nunca deixarei de ter duvidas

Das certezas que são certas

E das quais sempre duvidarei

E nesta certeza de duvida

Vou vivendo cada dia

Sendo feliz cada instante

Tendo como certas as duvidas

Que certamente ficarão

A assombrar minhas certezas

Que pairam na minha mente

Que pairam no meu coração

Tenho certeza no entanto

Que sem dúvidas não seria certo

E que quem tem certezas de tudo

Duvido que seja certo.

 

In Momentos Lúcidos

© Clara Pereira

23-03-2016

Lua minha

 

Ía jurar que vi a lua

A espreitar-me

De cara cheia de luz

A dar esperança

Ía jurar que me soprou

Um segredo só p’ra mim

Uma lembrança

Ía jurar que me sorriu

Quando envergonhada a olhei

Ía jurar que corou

Quando um beijo seu

Eu aceitei

Ía jurar que vi a lua

A espreitar-me

Quando me preparava p’ra dormir

De cara cheia de luz

A dar esperanças

E a sorrir.

 

In Estados de Alma

© Clara Pereira

23-03-2016

Quero

 

Quero que acalmes

Esta minha ansia

Que não me sai do peito

Que me arranca vontades loucas

De me ver noutras batalhas

Estou cansada de lutar nesta

E esta cansada de mim está

 

Impaciente me tornei e estou

Inconstante fui e sou

Em minha concha me isolo

Não querendo ver ninguém

Silenciosamente por socorro imploro

Não esperando ver alguém

A meu chamamento vir

 

Meu corpo quer descansar

Minha alma quer viajar

Ir para aquele lugar

Onde minha mente divaga

Quantas luas são precisas

Até que oh vida me tragas

Um doce caminho que tenho

Nos meus sonhos de fadas

Oh quantos caminhos existem

Tinha eu de escolher este

Fantasias que de mim não desistem

Ateimando que existem tais

Mas já não sei se o quero

Não sinto forças para mais

Minha carcaça está cansada

Não de velhice, de sofrimento

Não quero (d) existir

Não quero continuar

Quero-me transportar

Para aquele lugar que sonhei

Onde não preciso andar

Apenas flutuar

Estou cansada

Estou cansada

Mas quero

Quero

 

In Momentos lúcidos

© Clara Pereira

30-03-2016

Guia a minha vontade

 

Meus sentidos desfocados

Pensamentos emaranhados

Nevoa que teima em ofuscar o caminho

Oh farol da lucidez intermitente estás

Guia minha vontade

Dá-me tréguas

Dá-me sabedoria

Dá-me luz

Dá-me força

Dá-me coragem

Dá-me caminho

Guia a minha vontade

 

 

In momentos Lúcidos

© Clara Pereira 01.04.2016

Viagens

Acho isto tão estranho
As gentes com quem me cruzo
Olham-me com olhar penetrante
Sinto-me inconfortável
Mas tenho de fazer meu caminho
De comboio ou a pé
Pelos carris ou p’la Estrada
Tenho de ir caminhando
Sozinha ou acompanhada…
.Clique
Minha mente vagueia
Num Segundo faço a viagem
E já tanto viajei
Por tantos lugares andei
Entre uma e outra paragem
Oh lugares aprazíveis
Viagens da minha mente
Tenho bilhete de volta
Sem data nem hora marcada
Volto quando eu quiser
Passageira privilegiada
Na minha mente 
Vagueio!

In odd moments
© Clara Pereira 23/02/2016

Vamos ver o mar?. 

Vamos sim
Ver o mar,
O mar é sempre bonito de se ver 
seja dia ou noite,
esteja manso ou bravo, 
azul; verde ou cinzento, 
gelado ou apenas frio..... 
o mar é força, 
é energia, 
é cura, 
é guia..... 
vamos sim ver o mar 
seja noite ou seja dia....

In moments 
© Clara Pereira 22.02.2016

I DREAMED THIS DREAM

Last night I dreamed
I dreamt a dream
So bright and clear
Seemed to be real
I laid my pallet
By my side
Filled it with colours
All so bright
Stretched four canvas
On a wall
Chose some brushes
As a tool
Nice music was playing 
For inspiration
My eyes where closed 
Flooding with imagination
And in no time at all
I had it going
Brushes were dancing
Colours were flowing
I could feel the rhythm
Within my heart
While shapes and colours
Started to pop
Each canvas had their own colour
In various tones a sight to see
Blue and Red were one and two
Green and purple four and three
Then black and white
Helped make the contrasts
And shaped it nicely into 3D
And all at once
Shapes came to life
And were dancing all around me
The room was light
And filled with love
Colours so bright
Beneath and above
Suddenly I woke
And knew I had dreamt
But a voice to me spoke
About my dream and what it meant
This is... it said,
the sign you need
To do what you love
And your soul feed
Demand yourself
Don’t fall asleep
For life is short
And hard to keep
So live your dream
The dream you dreamed
Pick it from scratch 
And make it real
It said...
that’s what it meant
About the dream
That I had dreamt

© Clara Pereira
07/04/2016

Marioneta não sou mais

 

Corta-me esses cordéis

Marioneta não sou mais

Quero ir por esse mundo fora

Sair daqui sem demora

Em busca das aventuras

Que sempre sonhei viver

Não me posso acomodar

O tempo urge sem volta

O mundo eu quero ver

Leve brisa fresca e solta

Gosto demais de não ter

Regras nem condições

Corta-me esses cordões

Que me limitam a vida

Leva-me a outros lugares

Ensina-me coisas novas

Surpreende-me

Faz-me rir

Não quero nada ofertado

Muito menos cobrado e sem graça

Quero sonhos para a troca

Ideias e gargalhadas

Não me prendas a ti

Corta-me esses cordéis

Antes que me torne amarga

Ver o tempo a passar

E eu aqui a vegetar

Dói demais

Minha alma é vadia

Meu coração é do mundo

Minha vontade é louca

Meu sentimento profundo

Corta-me esses cordéis

Marioneta não sou mais

Minha alma fome tem

Meu eu morre de sede

Por esse ser alguém

Por algo que nunca teve

Uma mão cheia de sonhos

Outra cheia de vontades

Quero ser o que guardei

Por detrás de uma caraça

Com as cores mais estranhas

Dentro das minhas entranhas

Quero gritar ao mundo

Está sou eu, mais ninguém!

Quero saciar-me

Nessa fonte que é a vida

Sem fios nem cordéis

Vivê-la bem vivida

Despida de amarras

Nau ao vento me levais

Corta-me esses cordéis

Marioneta não sou mais!

 

In Retalhos de mim

© Clara Pereira

20-04-2016

Pesadelo

 

Nunca irás entender

O silêncio dos meus gritos

A profunda agonia

Esta tristeza sem fim

 

Como podes tu saber

Se nem eu bem me entendo

Este estado em que me encontro

Que me consome

Que me devora

Que me mata

Que me mói

Que me expões

Às delícias do mal

Que teima em degustar

Este meu sofrimento

Basta!

Não quero mais

Quero libertar-me

Deste transe

Contorso-me

Fecho os olhos

Este pesadelo

Tem de ter fim

Meus gritos

Ninguém os ouve

Choro às quatro fases da lua

E às estrelas eu imploro

Uma pequena luz

Como guia

Que me tire deste poço

Que me liberte

Desta agonia

Que paira sobre mim

Sem tréguas

Desde o primeiro dia.

 

In Retalhos de mim

© Clara Pereira

22-04-2016

Hoje só quero

 

Hoje só quero

Deitar-me e dormir

Hoje só quero

Enroscar-me num sono

profundo e sereno

numa efêmera passagem

para o eterno

esse eterno sonho

de vontades e desejos

livre de mentiras

e desilusões

hoje só quero

enroscar-me

como uma lagarta

em seu casulo

despejar-me

de todo o mal

e renascer

noutro lugar

Esse lugar

Dos meus sonhos

Mágico e puro

Hoje só quero

Adormecer

Assim

Serenamente.

In Retalhos de mim

© Clara Pereira 29.04..2016

Barco de Papel

 

Frágil barquinho de papel

Em ti viajo

Ao sabor do vento

Sujeito às tempestades

Aos ataques destas aves

Espuma que se forma

Em teu redor

Que me turva a vista

Raios de luz

Tentam rasgar

Por entre a densidade

Desta nevoa

Que teima em ficar

E eu me mantenho firme

De pé e queixo erguido

Tentando levar a bom porto

Este barquinho esquecido.

 

In Estados de alma

© Clara Pereira  26/05/2016

Storm

 

And I asked the winds

to calm it down

And I asked the rain

to stop the drain

I pleaded mercy

for reborn

cannot bare

stay in this storm

windy thoughts

haunt me along

stormy feelings all life long

time to pleasure life itself

or transfer it somewhere else

So I make my final call

to all fairies and all gnomes

gods and goddesses

on their thrones

witches and sorcerers

from around the world

magic kingdoms

all above and around

gather your powers

all in one

and for once in a life time

make it right,, make it bright

take the hurt

take the blame

take the gilt

take the shame

make it right, make it bright

take the anguish

take the ache

take the misery

take the hate

make it right, make it bright

and I plead mercy

for reborn

for I no longer bare

remain in this storm.


In “looking from inside moments”

© Clara Pereira

31/05/2016

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